segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

D'us Black

Eu estava na cidade de Bonito- MS...

Naquele dia, eu tomei minhas habituais 3 ou 4 doses de café, mas naquele dia o desjejum, foi acompanhado de bastante fumaça. Fiquei meio tonta...O rádio anunciava " O dia da Consciência Negra ".



O dia transcorreu, à tarde formou-se uma tempestade. Eu lia o Masnavi de Rumi, tinha ganho em agosto, presente de aniversário. Estava encantada com ele.
Porém, sentia-me angustiada. Chorei . Eu não devia estar ali, não com o Raul.
Não era justo o que eu estava fazendo comigo, com ele...

Já pela madrugada, ele( Raul), chegou, juntamente com o Ciro.
Ciro foi um "maluco" que apareceu no nosso caminho. Ele estava à procura da Mônica, que coincidentemente, havíamos cruzado na Chapada dos Guimarães, no festival de inverno.
Foi triste informá-lo que ela havia se arranjado com um outro maluco, muito chegado nosso, o Ailton, "Brucutu".
Ciro caiu na manguaça. Ficou mal, foi parar no hospital. De modo, que me senti até meio responsável pelo incidente.
Bem, ele ficou uns dias conosco.

Naquele dia, em especial, ou melhor, naquela madrugada, os dois, Ciro e Raul, chegaram alterados pelo álcool.
Porém, ao entrar em casa, Ciro se transfigurou. Seu olhar ficou grave, sua voz firme, adquiriu um sotaque.
Se dirigindo à mim começou a falar de maneira clara e firme. Falou na força, no poder da Mulher...Invocou o nome do Profeta.
O tempo em que ele falou, eu correspondia as suas palavras com outras que emanavam de mim, sem serem pronunciadas.
Num determinado momento, eu emanei AMOR, ele disse : " Você não sabe do que eu estou falando!" Me olhando com veemência. Em seguida, ele apontou pra minha filha Serena e disse: "Estou aqui por causa dela"
E os olhos dela estavam vidrados nele.

Então, ele  levantou e se foi, dizendo que estava levando todo o mal consigo. Era o sinal! Fiz minha mala, na sequencia.
Atravessei, de Bonito à São Thomé das Letras, como um relâmpago.

  O índio

Vinha eu, nua. Caminhando pela rua...
Nas costas, uma mala de roupas.

De repente: " Psiu"!
Um índio.
E ele usava roupas pesadas.

Saímos, lado à lado, embaixo de uma chuva vermelha...
Chegamos ao Deserto, o índio foi engolido pelas areias.
Eu, agora, tinha um manto negro

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